Zen Peacemakers
A instituição é constituída por uma rede diversificada de praticantes engajados socialmente, atualmente incluindo as estruturas formais do Zen Peacemaker International e a Ordem Zen Peacemaker, com muitos indivíduos e grupos afiliados e comunidades formadas por sucessores – diretos e indiretos – na linhagem do Darma de Bernie Tetsugen Glassman Roshi.
https://zenpeacemakers.org/
Ordem Zen Peacemakers
Enquanto oferecemos uma variedade de treinamentos e caminhos de prática que integram o serviço com o Darma, nós nos concentramos em desenvolver uma comunidade de prática viva e conectada que apóia e fortalece seus membros em tudo o que fazem.
Juntos. Uma vez e renovadamente. Há mais de vinte e cinco anos atrás, Bernie Glasmann e Jishu Holmes Roshis nos reuniram, não pela primeira vez, com um convite para fazer parte de uma sangha sem limites, um espaço para praticar mergulhando na vida como ela é, não deixando de fora nada nem ninguém. Emoldurada pelos Três Princípios, a Ordem Zen Peacemaker nos desafia a experimentar com todo o nosso ser a realidade da interconexão. Nosso Zendo tornou-se as ruas, os campos de extermínio, os abrigos de pessoas sem-teto, as prisões, as terras tribais, as escolas e os hospitais, nenhum lugar excluído. Atravessamos oceanos e fronteiras, abrindo nossos corações e mentes. Apoiamo-nos mutuamente no terno trabalho de colocar na vida cotidiana a aspiração de Bernie: “Que tenhamos sempre a coragem de nos fazer plenamente presentes, de nos ver como o outro e de ver os outros como a nós mesmos”. Com humor. Hoje nos reunimos para nos comprometer novamente com a Ordem Zen Peacemaker, o fundamento espiritual da Zen Peacemaker International. Nossa expressão particular surge através da linhagem e dos grandes votos de nossos ancestrais e praticantes zen que vieram antes de nós. Comprometemo-nos a transmitir isto às gerações que virão depois de nós.
Não-saber • Plena presença • Agir
Os Três Princípios da Zen Peacemakers foram desenvolvidos e articulados pela primeira vez por Roshi Bernie Glassman em 1994. Desde então, eles foram estudados e praticados por muitas pessoas, incluindo pessoas que não são praticantes do Zen, e apresentados por muitos Professores/as Zen.
Com a aplicação regular, a prática dos Três Princípios pode se tornar uma forma de vida a partir do centro, em todos os momentos. Embora os princípios sejam tomados em ordem ao estudá-los, a prática não é necessariamente linear. Cada princípio reflete os outros; eles estão perfeitamente integrados uns nos outros, fluindo como centro, circunstância e ação em um círculo de vida sempre desdobrado e infinitamente variado.
Não saber (Not-knowing)
Refere a abandonar idéias fixas sobre si mesmo, os outros e o universo. Circunstâncias difíceis – a convulsão política, a súbita perda de um ente querido, ou o término inesperado de uma relação pessoal ou profissional – podem fazer a vida se apresentar repentinamente instável. Mas na verdade, de acordo com os ensinamentos budistas, as coisas sempre são instáveis. Ocorre que temos a tendência de viver a vida a partir de um conjunto de crenças inquestionáveis que fazem nossas vidas se sentirem sólidas. Como poderíamos saber o que vai acontecer a seguir? Isso não é possível, porque o universo, desde suas mais pequenas partículas até suas maiores formas, está continuamente em fluxo.
Estar em plena presença (Bearing Witness) para a alegria e o sofrimento do mundo
A prática da plena presença é ver todos os aspectos de uma situação, incluindo seus apegos e julgamentos. Você não pode viver apenas em um estado de desconhecimento, porque a vida também pede que você enfrente as condições que estão chegando até você por estar presente a elas. Quando você está em plena presença, você se abre à singularidade do que quer que esteja surgindo e a encontra tal como ela é. Quando combinada com o Não-saber, a plena presença pode fortalecer sua capacidade de amplitude, permitindo assim que você esteja presente às próprias coisas que o fazem sentir como se você tivesse perdido seu centro. E fortalece sua capacidade de ouvir outros pontos de vista, permitindo assim que surja uma imagem mais ampla e completa de uma situação.
Agir (Taking action) a partir do Não-saber e da Plena presença
O terceiro princípio é agir. É impossível prever qual será a ação em qualquer situação, ou quando ela surgirá ou o que poderá resultar dela. A intenção subjacente é que a ação que surja seja uma ação de cuidado, que sirva a todos e a tudo, inclusive a si mesmo, em toda a situação. Às vezes a ação é tão simples quanto continuar com a prática dos dois primeiros princípios de não saber e testemunhar; a própria prática dos Três Princípios é, em si mesma, uma ação de cuidado. E embora a ação que surge do não-saber e testemunhar seja espontânea e muitas vezes surpreendente, ela sempre se encaixa perfeitamente na situação.
Práticas
O Caminho do Conselho é uma prática central dos Zen Peacemakers, juntamente com a meditação, os Três Princípios e a ação social. É uma prática básica em nossos retiros de Plena Presença (Bearing Witness).
Council, como é referido de forma abreviada, é uma prática moderna derivada de tradições ancestrais, pricipalmente dos nativos norte-americanos, e praticada aqui na modalidade desenvolvida pela Fundação Ojai.
O Círculo convida os indivíduos a se reunirem em um espaço dedicado e sagrado, a se sintonizarem com a verdade pessoal e coletiva, e com a terra e a natureza, que também participam do Círculo. O Círculo é conduzido usando um conjunto de orientações, um centro que simboliza a sacralidade e um “objeto-da-fala”, que é passado para indicar a pessoa que tem a palavra. Com estas intenções, o Conselho aprimora nossas práticas de escuta profunda, em presença plena e empatia. O Conselho foca nossa intenção e energia nas histórias, valores, medos e aspirações comuns que nos tornam humanos; nos lembra que somos mais semelhantes do que diferentes. Mais importante ainda, o Conselho é um poderoso recipiente para vivenciar os Três Princípios com as outras pessoas, entrando no momento do círculo pelo Não-saber, pela Presença Plena de si mesmo e dos outros, e da Ação, relacionando-nos a partir do coração.
As Intenções do Conselho são:
- Ao ouvir, ouça com o coração, sem analisar, concordar ou discordar;
- Ao falar, fale com o coração, pronunciando o que está vivo neste momento; o silêncio também é bem-vindo;
- Seja objetivo ao expressar-se, indo à essência do que precisa ser falado;
- Seja espontâneo, confiando no que se apresenta no momento, ao invés de ensaiar ou pensar no que deve ser dito;
- Confidencialidade, em profundo respeito à privacidade das pessoas e à transitoriedade do momento, os participantes são encorajados a não desenvolverem com outros participantes aspectos que surgiram durante o Conselho, e a não compartilharem seu conteúdo específico com outros.
Estas diretrizes não são regras. São práticas, convidando-nos a apreciar a transitoriedade do momento, a fé em nós mesmos e nos outros. Cada conselho é aberto por uma invocação – os participantes convidam aquilo que gostariam de fazer presente, invocam um estado de espírito, ou outras presenças -, e encerra-se com uma dedicação ou oração. O Conselho tem sido evocado ao redor do mundo e durante todos os retiros Zen Peacemakers, Retiros de rua e imersões na realidade da Vida.
Uma vez por mês nos reunimos para praticar a reflexão coletivamente. Esta prática nos dá a chance de avaliar e refletir sobre nossas vidas como ferramentas para a construção da paz. O evento começa com um momento de meditação silenciosa, seguido de uma liturgia específica e termina com um Círculo do Conselho. O Círculo nos proporciona um recipiente seguro, no qual podemos compartilhar nossa experiência e insights que vieram com a reflexão sobre o mês passado.
Retiros em Plena Presença
Retiros de Rua
Os retiros de rua têm sido uma prática central dos Zen Peacemakers desde 1991, quando Roshi Bernie Glassman liderou o primeiro nas ruas do Bowery, em Nova York. Desde então, eles têm sido realizados em muitas outras cidades do mundo.
Nós vamos para as ruas sem dinheiro e apenas com as roupas do corpo. Comemos em cozinhas comunitárias e mendigamos por dinheiro ou comida em situações em que as cozinhas comunitárias não são disponíveis. Dormimos ao ar livre, em espaços públicos ou em casas abandonadas, mas normalmente não utilizamos os abrigos assistenciais, pois usualmente não há camas suficientes. Não dizemos que somos moradores da rua, mas simplesmente que estamos vivendo nas ruas por vários dias, contando com a generosidade das ruas para cuidar de nós. Ainda que às vezes nos dividamos em grupos menores, nos reunimos várias vezes ao dia para compartilhar nossas experiências em uma prática do Conselho e recitar a liturgia dos “Portais do Doce Néctar”, que se trata de nutrir os “espíritos famintos”. Nós também passamos nossas noites juntos, na segurança gerada por estarmos em grupo.
Esta é uma prática poderosa do Não-saber e de Plena Presença, onde a vida imprevisível nas ruas é o principal professor. É uma tempo de intimidade radical, um mergulho em um lado da vida para o qual raramente olhamos.
Auschwitz-Birkenau
O Retiro em Plena Presença nos Campos de concengtração de Auschwitz-Birkenau foi desenvolvido em 1996 pelo ativista social e professor de Zen, Roshi Bernie Glassman. Ele já havia visitado Auschwitz e experienciado a visão de milhares de almas presas ali em necessidade de cura, lembrança e libertação. Bernie se comprometeu intimamente a voltar a Auschwitz para deicar-se a esse serviço de cura. Em novembro de 1996, Bernie Glassman e a Comunidade Zen Peacemaker levaram para Auschwitz-Birkenau, em Oswiecim, Polônia, um grupo internacional de mais de 150 Peacemakers, para o primeiro Retiro forma de Plena Presença naquele local.
Os participantes incluíam sobreviventes de Auschwitz e de outros campos de concentração, filhos de sobreviventes e filhos de militares nazistas que trabalhavam nos Campos. Muitos dos participantes haviam perdido familiares, alguns suas famílias inteiras, em Auschwitz-Birkenau e em outros campos. Provinham de muitos países, incluindo Polônia e Alemanha, Canadá, Inglaterra, França, Israel, Itália, Holanda e Estados Unidos. Entre os participantes estavam budistas, cristãos, judeus e muçulmanos, assim como pessoas de orientação secular. Nos últimos anos um ancião nativo americano da Nação Lakota Ogalala em Pine Ridge, Dakota do Sul, participou do retiro. Desde 1996, centenas de participantes do retiro anual (Bearing Witness Retreat) em Auschwitz-Birkenau, na Polônia, têm descoberto uma profunda cura pessoal e transformação a serviço da criação de um mundo mais justo e pacífico. A Comunidade Peacemaker na Polônia (Polska Wspolnota Pokoju) é a anfitriã e organizadora local do retiro.
(Fonte – https://engagedmindfulness.org/programs/bearing-witness-auschwitz/)
Linhagem
Bernie Tetsugen Glassman Roshi (18.Janeiro.1939 – 04 Novembro.2018)
Barbara Salaam Angyo Wegmüller
Barbara Salaam Angyo Wegmüller
De 1990 a 2001, ela praticou meditação e interpretação de sonhos na linhagem da professora sufi Irina Tweedie, com Annette Kaiser. Em 1999, ela conheceu seu professor, o Mestre Zen Bernie Glassman. Após anos de estudo e prática com ele, ela foi capacitada por ele como Dharma Holder dos círculos Zen Peacemaker e em 2011 como Sensei – professora Zen. Em 30 de outubro de 2015, ela recebeu o reconhecimento (Inka) como Roshi – Mestre Zen – de Roshi Bernie Glassman.
Após estudos com Eve Marko Roshi, ela também foi autorizada por ela em 2008 como Preceptora, Professora dos Votos, a apoiar os alunos em seu caminho dos Votos Zen Peacemaker e a conceder os Votos.
Bárbara também estudou a prática budista tibetana com Lama Tsultrim Allione. Desde 2005 ela faz parte do grupo de orientadores espirituais do retiro dos Zen Peacemakers em Auschwitz-Birkenau. Ela lidera retiros de rua e outros retiros de plena presença na tradição Zen Peacemaker.
De 2016 a 2021 ela foi membro do Conselho de Administração da Zen Peacemakers International – ZPI e é membro-fundadora da Ordem Zen Peacemaker na Europa. Bárbara Salaam treinou por muitos anos os coordenadores de círculos Zen Peacemaker na Europa. Conduz regularmente workshops sobre as cinco Famílias-Buda e a prática da conversa em círculo (Council).
A atenção a pessoas que buscam asilo e dos imigrantes é particularmente próxima de seu coração. Como mãe e esposa, dedica atenção especial em apoiar praticantes leigos, e incuir e valorizar a vida familiar e os relacionamentos como uma prática espiritual em nossas vidas.
Roland Yakushi Wegmüller
Roland Yakushi Wegmüller
Desde 2000, foi aluno do Mestre Zen Bernie Glassman Roshi, e já organizou e participou de encontros e eventos inter-religiosos, por exemplo, o Retiro de Auschwitz-Birkenau e Retiros de Rua. Como membro-fundador, participou do estudo e desenvolvimento da Ordem Zen Peacemaker Européia.
Em 2008, Roland Yakushi recebeu transmissão como preceptor na Zen Peacemaker Sangha de sua professora de Preceitos Roshi Eve Myonen Marko.
Durante 10 anos praticou os estudos de koan com Roshi Genro Gauntt e em 2011 recebeu o reconhecimento como Sensei (Proferssor Zen) de Roshi Bernie Glassman, de quem também recebeu a Confirmação (Inka) em 2017.
Com sua esposa Barbara Salaam, coordena a “Spiegel Sangha” em Berna, Suíça, onde são oferecidas práticas de zazen, dias de reflexão e atividades do Círculo Zen. Como preceptor, apóia as pessoas no caminho para receber a cerimônia dos preceitos (Jukai). Desde 2003, ele é presidente da Comunidade Zen Peacemakers na Suíça. No “Clube dos 200″, Roland coleta doações para apoiar o Centro Palestino para o Estudo da Não-Violência em Belém, na Palestina. Com sua esposa Barbara Salaam Wegmüller, Roland tem 5 filhos e 4 netos.
Genro Grover Gaunt Roshi
Genro Grover Gaunt Roshi
É um dos Professores-fundadores da Ordem Zen Peacemaker e um sucessor do Darma de Roshi Bernie Glassman. Ele começou a estudar com Maezumi Roshi no Centro Zen de Los Angeles em 1971, onde atuou como Presidente do Conselho de Administração de 1987 a 1997. Após a morte de Maezumi Roshi em 1995, ele trabalhou de perto com Bernie Glassman Roshi e começou a servir em tempo integral como Diretor Executivo da Comunidade Peacemaker no início de 1997. Estudou na Universidade do Sul da Califórnia e recebeu um MBA em finanças da escola Wharton da Universidade da Pensilvânia. Sentindo que seu caminho desenvolvia-se a partir de uma perspectiva laica, ele seguiu uma carreira profissional no setor imobiliário e financeiro formando a Western Property Research, uma empresa de consultoria imobiliária que operou de 1984 a 1997.
Ele tem dois filhos, John que é um pastor evangélico e Parker, escritor e professor de literatura inglesa. Batizado como Congregacionalista e criado como Presbiteriano, seus estudos inter-religiosos o abriram a vários caminhos espirituais. Seus interesses nos povos nativos norte-americanos incluem um longo relacionamento com a nação Oglala Lakota na Reserva Pine Ridge, Dakota do Sul. Ele continua praticando e estudando na Ordem Ramakrishna do Hinduísmo e ele adora participar no Dhikr, do Sufismo. A declaração de Ramakrishna “Como muitas fés, são tantos os caminhos” lhe soa profundamente verdadeira. Genro Roshi lidera retiros de rua onde quer que seja convidado e co-lidera uma variedade de retiros de plena presença internacionalmente. Seu local de prática é o Hudson River Peacemaker Center em Yonkers, Nova York.